Imuno-histoquímica
A técnica
de imuno-histoquímica (IHQ) serve para
pesquisar moléculas, em geral proteínas
ou glicoproteínas (antígenos)
teciduais. Começou a ser usada em escala
progressiva a partir da década de 1980,
tendo se popularizado após o aprimoramento
dos métodos de recuperação
antigênica em 1987 e o desenvolvimento
de um número crescente de anticorpos
específicos para determinadas linhagens
celulares ou teciduais. É baseada nos
conceitos básicos da imunopatologia e
da técnica de imunofluorescência,
apresentando, entre as principais vantagens,
poder ser aplicada a tecidos fixados em formalina
e emblocados em parafina.
Tem grande importância na prática
diária de diagnóstico do patologista
e suas indicações principais são:
1. Definição da histogênese
de uma lesão tumoral. Por exemplo: neoplasia
indiferenciada cujo diagnóstico morfológico
puro entre carcinoma e linfoma não seja
possível.
2. Pesquisa de marcadores de valor prognóstico
ou preditivo. Por exemplo: painel prognóstico
de carcinomas de mama (Receptores de estrógeno;
progesterona; HER-2; p53; Ki-67).
3. Confirmação diagnóstica
de determinados linfomas (diagnóstico
diferencial entre linfoma de Hodgkin e linfoma
de grandes células Hodgkin-like).
4. Imunofenotipagem de alguns linfomas (Linfomas
B; linfomas T; linfomas nulos)
5. Detecção de agentes infecciosos.
6. Identificação de produtos das
células tumorais (Carcinóides,
adenomas hipofisários, tumores neuroectodérmicos
primitivos - PNET, carcinomas medulares da tireóide,
melanomas amelanóticos).
7. Diagnóstico diferencial entre melanomas
x carcinomas x linfomas x sarcomas.
8. Diagnóstico mais preciso de alguns
sarcomas (Rabdomiossarcoma embrionário).
Há vários métodos que podem
ser utilizados. O método indireto e suas
variações são os mais comuns.
No LMP, utilizamos de rotina o método
conhecido pela sigla LSAB+ que é baseada
na aplicação do complexo streptavidina-biotina-peroxidase.
Em casos especiais, lançamos mão
de outra técnica conhecida como ENVISION.
O ponto comum a esses métodos é
que as reações positivas são
vistas em função de um depósito
de uma substância cromógena, que
pode ser apreciada ao microscópio óptico
comum. O revelador mais comumente utilizado
internacionalmente é a diaminobenzidina
ou simplesmente DAB. Ela proporciona uma cor
castanho-brilhante que fornece um bom contraste
com a contra-coloração, em geral,
a hematoxilina de Mayer. Dessa forma, os detalhes
microscópicos tradicionais (características
nucleares e citoplasmáticas) e o compartimento
microscópico em que foi detectada a proteína
em questão podem ser apreciados ao mesmo
tempo. Por exemplo: neoplasia de células
pleomórficas com citoplasma volumoso,
núcleos grandes, irregulares, por vezes
com aspecto de embrião, nucléolo
proeminente, apresentando um crescimento do
tipo sinusoidal em um linfonodo aumentado de
volume. A pesquisa de CD30 mostra intensa positividade
nestas células com padrão de membrana
citoplasmática e também com padrão
globular paranuclear (também conhecido
com padrão "dot-like"). O quadro
descrito acima de forma resumida e que pode
ser apreciada na figura abaixo permite que o
patologista, associando ao resultado da pesquisa
de outros antígeno firme o diagnóstico
de linfoma de anaplásico de grandes células
CD30 positivo - uma entidade que deve ser diferenciada
de outras neoplasias malignas, tais como melanoma
amelanótico, carcinoma indiferenciado
e rabdomiossarcoma pleomórfico.